Vans & Rock: Um Legado de Música, Rebeldia e Colaboração

Vans & Rock: Um Legado de Música, Rebeldia e Colaboração

14 Jul

Tempo de leitura: ~5 minutos

Desde 1966, a Vans é muito mais do que uma marca de tênis — ela é uma tela em branco para que as contraculturas expressem quem são. Dos skateparks aos palcos, dos muros grafitados aos ensaios de garagem, a Vans sempre caminhou lado a lado com a rebeldia, a autenticidade e a liberdade criativa. Entre todas essas conexões culturais, nenhuma foi tão forte e duradoura quanto a relação com a música — especialmente com o rock e suas diversas vertentes.


A Trilha Sonora de um Movimento

No fim dos anos 70 e começo dos anos 80, uma nova onda musical surgiu dos porões, bares e festas de quintal pelos Estados Unidos. Era barulhenta, veloz, crua — era o punk. Não se tratava de solos virtuosos ou grandes palcos. Era um chamado à individualidade, à não conformidade e à resistência.

E nos pés dessa geração? Vans.

Ícones como Ian MacKaye e Henry Rollins, do cenário punk, começaram a usar Sk8-His e Old Skools nos palcos das casas de show underground. O estilo deles virou referência, e milhares de fãs seguiram o mesmo caminho — não só nos palcos, mas como parte de um estilo de vida. Os tênis se tornaram uniforme da cena alternativa.

Dos Palcos aos Skateparks

A conexão foi espontânea. Nada de contratos ou grandes acordos publicitários. Eram bandas e fãs vivendo sua verdade. Os tênis da Vans — resistentes, simples e icônicos — viraram a escolha natural de músicos que buscavam autenticidade.

Enquanto outras marcas começaram a pagar artistas por exclusividade, a Vans decidiu seguir outro caminho: construir parcerias verdadeiras, baseadas em respeito, paixão e cultura.

Dessa visão nasceu um dos programas mais únicos do universo sneaker: o Vans Band Shoe Program.

Como Tudo Começou: Uma Festa, um Skatista e Motörhead

O estalo inicial veio em 1998, quando o skatista profissional Geoff Rowley pediu um modelo exclusivo da banda Motörhead para uma festa da Vans. A repercussão foi imediata.

No mesmo ano, a Vans criou uma edição super limitada para a banda hardcore Ignite, que queria promover sua próxima turnê. Essa experiência levou Kurt Soto, gerente de música da Vans e funcionário de longa data, a ter uma ideia: por que não criar um programa onde as bandas pudessem desenhar seus próprios tênis, se conectar com os fãs e ainda ganhar com isso?

Foi aí que começou a jornada para criar alguns dos tênis temáticos mais icônicos da história da música e da moda.

Mais do que Merch — Artefatos Culturais

De lendas do underground como Millencolin, AFI e Social Distortion a nomes globais como No Doubt, Iron Maiden e KISS, a Vans colaborou com uma longa lista de artistas. Mas essas colabs não eram apenas ações de marketing — eram projetos com alma, que contavam histórias reais.

Cada modelo trazia elementos visuais inspirados em capas de álbuns, letras de músicas ou desenhos criados pelos próprios músicos. Alguns foram lançados em tiragens super limitadas e se tornaram itens de colecionador. Outros, como o modelo do Slayer, lançado em 2004, esgotaram rapidamente e precisaram voltar à produção para atender a demanda. Já o modelo da Bad Religion usava tecido rip-stop de estilo militar, refletindo a estética e o discurso da banda.

Em muitos casos, esses tênis não eram apenas uma peça de roupa — eram símbolos emocionais. Marcas de pertencimento. Prêmios para quem permaneceu fiel à cena. Memórias que podiam ser calçadas.

Um Programa Guiado por Valores, Não por Hype

Enquanto outras marcas corriam atrás de nomes famosos para contratos milionários, a Vans manteve sua essência. Em vez de patrocinar, a marca oferecia colaborações autênticas, nas quais as bandas tinham voz criativa e participavam das vendas — sem abrir mão de suas mensagens ou ideologias.

Mesmo quando surgiam desafios — como a exigência de materiais veganos por parte da Rise Against, ou atrasos em produção — a Vans se comprometia a respeitar os valores e as necessidades dos artistas.

O Som Continua

Hoje, a relação da Vans com a música está mais viva do que nunca. Através de eventos como o Vans Warped Tour e festivais ao redor do mundo, a marca continua a apoiar talentos emergentes e lendas consagradas.

E a cada collab que chega às lojas — seja um tributo a Johnny Ramone, uma edição especial da Public Enemy ou um lançamento ousado com os The Germs — a mensagem segue clara:

Vans é música.

Vans é Off The Wall.

 

Imagens e textos de referência extraidos:
Livro: Stories of sole from Vans Original (updated and expanded edition)
Texto: Doug Palladini
Design: Jeremy Taylor
Edição de fotografia: Lindsey Byrnes
Editora: Abrams

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