Esse texto/artigo era pra sair muito antes, mas no meio de uma pandemia é difícil organizar todos os pensamentos, e ter certeza de que tudo o que queria foi passado de forma clara.
Antes de tudo, quero deixar claro que esse texto trata sobre experiências específicas e pessoais. vivências não são iguais para todos, principalmente quando se trata de questões psicológicas.
Setembro ta aí, o mês de valorização a vida, e aproveitando o gancho, precisamos falar sobre a saúde psicológica na comunidade do skate. E quando falo sobre isso, não digo apenas sobre depressão ou tendências suicidas, mas sobre ansiedade, borderline e várias outras questões que afetam não só psicologicamente e socialmente.
Eu tenho Transtorno do Espectro Autista, mais especificamente, asperger. E isso afeta diretamente no meu relacionamento com skate. Muitas coisas se tornam um pouco mais difíceis: socializar, barulhos, texturas, alimentação. Além de ter uma certa facilidade de desenvolver ansiedade e depressão, que no caso, acabei desenvolvendo a ansiedade.
Todos os dias quando acordo com aquela vontade de andar de skate, ir para algum pico ou algo do tipo, fico pensando na quantidade de pessoas que vão estar lá, na intensidade dos barulhos no ambiente, na quantidade de olhares em cima de mim por ser uma mulher no skate.
Escrever sobre esse tema, é muito complicado, por não saber como expressar todas as coisas que sinto ao me envolver com skate tendo essas características tão específicas, que faz parte de mim, e de toda a minha vivência fora da bolha. Todos temos um tempo diferente, seja pra mandar aquela manobra, ou para conseguir destravar certos bloqueios que temos.
Mas preciso dizer do quanto muitas coisas e evoluções foram conquistadas com auxílio de tratamento psicológico, e que não podemos deixar que tantas correntes nos prendam.
Texto por Fernanda Silva @feftsy
**Este texto foi escolhido pelo coletivo The Skate Witches para integrar o zine homônimo.